A dor cervical é complexa. Afinal, ela pode ter inúmeras causas, já que muitos músculos estão inter-relacionados com a região. Alguns dos motivos para o problema podem ser:

  • fraqueza dos músculos extensores e flexores cervicais;
  • desequilíbrio entre o torque de ação entre esses músculos;
  • hiperatividade da musculatura flexora do pescoço;
  • alterações da postura da coluna vertebral como um todo;
  • disfunções nas articulações intervertebrais cervicais;
  • questões ligadas à ATM;
  • alterações posturais ligadas à cabeça (como trabalhar com a tela do computador muito alta ou muito baixa);
  • retificação da coluna cervical;
  • formação de osteófitos;
  • hérnias de disco;
  • estresse, ansiedade e tensão;
  • lesões e acidentes;
  • movimentos repetitivos.

Esses são apenas alguns dos motivos que podem levar à cervicalgia, que também pode estar ligada a doenças crônicas, como é o caso da artrite. Descobrir o que está levando o paciente a esse quadro necessita de uma avaliação minuciosa do profissional.

Durante a anamnese é essencial fazer algumas questões básicas que identifiquem:

  • o local da dor;
  • a intensidade e o tempo de duração da dor;
  • as características da dor (que podem ajudar a diferenciar uma dor muscular de uma neuropática, por exemplo);
  • os pontos de irradiação, se houver, como braço ou dedos dormentes;
  • os fatores de piora e melhora, como determinados movimentos ou posturas;
  • o horário em que o desconforto é mais intenso (por exemplo, dores significativas ao acordar podem estar relacionadas a problemas posturais durante o sono);
  • a relação com outros problemas de saúde ou outros sistemas (a cervicalgia associada à cefaleia pode ser um indicativo de dor de cabeça tensional ou até de uma questão relacionada à ATM).

O profissional ainda deverá avaliar possíveis sintomas de doenças neurológicas, como ataxias, vertigem paroxística e até déficits visuais, como a miopia. Se esses sintomas estiverem presentes, é possível que a cervicalgia tenha uma causa que não esteja relacionada à questão músculo-esquelética.

E, claro, não se esqueça de revisar o histórico do paciente, analisando a presença de doenças reumatológicas, quadros de ansiedade ou até um trauma cervical.

O exame físico, por meio da palpação da coluna cervical e da musculatura, também é muito importante; indo além dos trigger points e realizando, por exemplo, uma verificação do tônus muscular e do trofismo muscular, além de outros músculos que podem ter relação com a área cervical.

Sintomas

Como a cervicalgia é um problema amplo, podem estar presentes diversos tipos de sintomas, como:

  • dor de cabeça;
  • espasmo muscular tanto na região cervical como na supraescapular;
  • redução da amplitude do movimento de rotação, flexo-extensão e lateralização da coluna cervical;
  • dormência do ombro, braço ou dedos;
  • sensação de peso nos ombros e na parte alta das costas;
  • dor que tem início na nuca e acaba se irradiando para o couro cabeludo, a região interescapular ou supraescapular;
  • fraqueza no braço e no ombro ou até mesmo na mão, podendo ser difícil segurar um copo de água ou um livro, por exemplo;
  • sensação de “areia” entre as vértebras ao fazer determinados movimentos.

Como a fisioterapia pode ajudar no tratamento da cervicalgia?

Antes de qualquer tratamento, é sempre fundamental fazer uma análise completa do quadro do paciente, já que a cervicalgia pode ter inúmeras causas. Contudo, na maioria dos casos, o tratamento deverá ser de médio a longo prazo. Veja alguns tratamentos possíveis.

1. Eletroterapia

É muito indicada para a fase aguda, buscando aliviar a dor e melhorar o ganho de flexibilidade. O TENS pode ser usado tanto na musculatura diretamente relacionada à cervical, como em outras que podem ter relação com o problema, como a musculatura da ATM.

Lembrando, contudo, que nenhum tratamento deverá apenas utilizar esses equipamentos, já que eles servem apenas como um analgésico e relaxante muscular, mas não tratam a causa do problema.

2. Terapias manuais

São indicadas para aqueles pacientes que já não apresentam uma intensidade muito grande de dor. As técnicas que podem ser usadas são diversas como Maitland, Thrust, manipulação articular, mobilização articular, mobilização neural, entre outras.

Alguns dos benefícios do uso das terapias manuais são: alívio da dor, ganho de amplitude de movimento, restauração da biomecânica articular, entre outros.

3. Cinesioterapia

Costuma ser a prática central de qualquer tratamento fisioterapêutico para as dores na região do pescoço, principalmente, para aquelas causadas por disfunções musculoesqueléticas.

Os exercícios terapêuticos podem ser baseados em alongamentos, visando aumentar a flexibilidade da região, e também outros tipos de atividades que ajudem o paciente a restaurar e manter a força muscular, aumentar a resistência à fadiga e melhorar a mobilidade, o relaxamento e a coordenação motora.

4. Acupuntura

Um estudo realizado em parceria entre a Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia mostrou que a acupuntura aplicada durante 30 minutos, em 5 sessões por 3 semanas, ajuda a reduzir a dor relacionada ao movimento cervical até 1 semana depois do término das aplicações.

Para isso, é necessária a aplicação nos pontos: SI14, GB20, SI3, UB10, UB20, LV3, GB34 e TE5, e a associação a pontos de acupuntura auricular. O estudo também mostrou que a associação da acupuntura com o tratamento usual é superior ao tratamento usual isolado e com efeito de duração de até 3 meses.

A acupuntura pode ser clássica ou associada à eletroacupuntura e acupressura auricular.

5. Orientações posturais

Além dos tratamentos na clínica de fisioterapia, é importante que o paciente compreenda que a cervicalgia, muitas vezes, depende de uma mudança de hábitos. Assim, o profissional poderá orientá-lo a:

  • mudar de postura na hora de dormir, preferindo ficar de barriga para cima e utilizando um travesseiro de altura ideal para apoiar a curvatura natural da cervical, ou ainda dormir de lado com um travesseiro entre as pernas;
  • evitar ler na cama apoiado por travesseiros, se possível preferir ficar sentado com as costas apoiadas e o livro no colo sobre uma almofada;
  • evitar ficar com pescoço curvado para cima ou para baixo, ao usar o computador, ajustando a altura da tela e de tempos em tempos realizar movimentos de rotação;
  • não prender o telefone entre a cabeça e o ombro;
  • regular corretamente o encosto do carro;
  • evitar carregar excesso de peso em bolsas e mochilas.

Além desses, ainda existem outros tratamentos que podem ser usados dependendo do tipo de cervicalgia, como massagens com liberação miofascial nos pontos dolorosos, exercícios de fortalecimento muscular cervical e de resistência muscular, termoterapia, ultrassom para reduzir os problemas inflamatórios, entre outros protocolos.

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Clínica Salus Asa Norte Ortopedia e Fisioterapia

Criada em 2017 com a proposta de cuidar com profissionalismo de pacientes com dores articulares, musculares e ósseas.