O que é exatamente a torção no tornozelo? O que acontece com as articulações, nervos, tendões e ossos?

A entorse do tornozelo é a mais comum das lesões traumáticas ortopédicas. As articulações são protegidas pelos ligamentos que impedem os movimentos além do fisiológico, que quando acontece, produz a entorse, que pode ser leve, quando há desarranjo das proteínas que constituem as fibras dos ligamentos; moderado, quando há rompimento parcial dessas fibras e grave quando há rompimento total dos ligamentos.

Nas entorses graves, pode haver lesões condrais, osteocondrais e tendíneas. Embora essas últimas e as de nervos sejam raras, ocorrendo mais nas luxações (perda total do encaixe articular).

Lesão que ocorre quando o tornozelo vira, torce ou gira de uma forma estranha. Isso pode esticar ou rasgar as faixas de tecido resistentes (ligamentos) que ajudam a manter os ossos do tornozelo juntos.

Uma torção no tornozelo provoca inchaço, dor e limitação dos movimentos.

A entorse do tornozelo é a lesão mais frequente durante a prática esportiva, correspondendo a até 25% das lesões. Eventualmente, acomete também atletas e não atletas durante as atividades comuns, não esportivas.

Anatomia

A articulação do tornozelo é composta pelos ossos da perna (tíbia e fíbula) e pelo tálus (osso do pé). A tíbia e a fíbula formam uma pinça onde o talus se encaixa, e esta conformação óssea é mantida no lugar por um conjunto de ligamentos, que podem ser divididos em três grupos:

  • Ligamentos laterais:localizados na parte externa do tornozelo, incluem os ligamentos talofibular anterior, Calcaneofibular e talofibular posterior.
  • Ligamentos mediais:localizados na parte interna do tornozelo, incluem o ligamento deltoide superficial e profundo.
  • Ligamentos sindesmóticos:Ligamentos que unem a tíbia com a fíbula, incluem o tibiofibular anterior e posterior e a membrana interossea.

Sintomas da torção de tornozelo

Nas entorses leves, a avaliação clínica é o suficiente para o médico especialista firmar o diagnóstico. Já nos casos mais graves, a radiografia é importante para descartar eventuais fraturas maleolares do tornozelo. O mecanismo de lesão destas fraturas ou da entorse é muito parecido. A diferença é que, na entorse, o ligamento é que se rompe, ao passo que, nas fraturas, o ligamento fica inteiro e arranca um pedaço do osso.

Entorse Do Tornozelo

Clinicamente, o paciente apresenta dor e edema no local do ligamento acometido. Após alguns dias, é possível que apareçam áreas roxas na pele. Nos casos mais leves, os pacientes são capazes de andar normalmente, apresentando apenas um incomodo local; já nos casos mais graves, não são capazes de apoiarem o pé no chão, sendo necessária a utilização de imobilizadores e muletas.

Tratamento da torção de tornozelo

As entorses do tornozelo são amplamente percebidas como benignas e auto-limitantes, respondendo bem ao tratamento conservador. Isso é uma verdade na maior parte dos casos, em que o rompimento das fibras que formam o ligamento é mínimo ou, ao menos, incompleta (lesões grau I ou Grau II), mas não nos casos mais graves de entorse.

Quase todas as entorses de tornozelo podem ser tratadas sem cirurgia. Mesmo uma ruptura completa do ligamento pode curar sem reparo cirúrgico se for tratada adequadamente.
O tratamento pode ser dividido em três fases:

  • Fase 1 (cicatrização):repouso e imobilização do tornozelo, visando a cicatrização do ligamento e a redução do inchaço.
  • Fase 2 (reabilitação):Fisioterapia para restauração da amplitude de movimento, força e flexibilidade.
  • Fase 3 (funcional):Recuperação gradual da função do tornozelo na fisioterapia e atividades físicas que inicialmente não envolvem mudanças de direção. Movimentos multidirecionais são introduzidos mais tardiamente, de forma gradativa.

Nas lesões mais leves, o paciente pode levar apenas 2 semanas para concluir as três fases do tratamento. Já nas entorses mais graves, pode levar até 6 a 12 semanas.

Independentemente da gravidade da entorse do tornozelo, como regra geral a cirurgia é cada vez menos indicada. O tratamento cirúrgico na fase aguda se mostrou incapaz de reduzir o tempo de retorno ao esporte ou complicações como lesões na cartilagem articular ou instabilidade persistente.

Uma das poucas exceções a isso são as entorses com lesão grau 3 da sindesmose e com afastamento entre a tíbia e a fíbula na articulação do tornozelo. Além disso, a cirurgia pode ser indicada na presença de lesões associadas, como as lesões osteocondrais e a presença de fragmentos de cartilagem soltos dentro da articulação.

Referência: https://drmarciosilveira.com/pacientes/wiki/o-que-e-uma-entorse-no-tornozelo/

Criada em 2017 com a proposta de cuidar com profissionalismo de pacientes com dores articulares, musculares e ósseas.