O joanete no pé é uma saliência óssea ou um “osso mais saído que o normal” que pode causar dor mais frequentemente ao caminhar ou quando usa calçado apertado. É uma deformidade que afeta com maior frequência o primeiro dedo ou “dedo grande do pé”.

O joanete é a patologia mais comum nos pés dos adultos, sendo que 30 % da população possui algum grau de deformidade. É 10 vezes mais comum no sexo feminino do que no sexo masculino. Nas mulheres a utilização de calçado de salto alto e “bico fino”, contribui como fator extrínseco (externo) importante no agravamento da deformidade e nas queixas de dor.

Os joanetes têm pouca relação com a atividade profissional e nenhuma prevalência para pessoas destras ou canhotas.

Tipos de Joanete

Hálux valgo

O hálux valgo é o tipo de joanete que afeta o primeiro dedo ou “dedo grande” do pé, sendo esta a deformidade mais comum (tipo de joanete mais frequente).

O nome científico para este tipo de joanete é hallux valgus, designação proposta por Carl Heuter em 1870. “Hallux” é o termo, em latim, que significa “dedo grande do pé” (1º dedo), e “valgus” a posição que este assume em relação ao eixo longitudinal do corpo, isto é, afastando-se do eixo do corpo.

No pé com joanete existe uma área localizada de proeminência da parte interna da articulação (metatarsofalangica) na base do 1º dedo. O alargamento, na verdade, representa um desalinhamento da articulação (metatarsofalangica) e, em alguns casos, a formação óssea adicional. Este desvio faz com que o 1º dedo popularmente conhecido como “dedo grande ou dedão” do pé fique a apontar para fora e rodado (hálux denominado abducto com deformidade em valgo) em direção aos dedos menores.

Joanete Sastre ou bunionette

O Joanete que afeta o quinto dedo ou dedo mínimo, popularmente conhecido por “dedo mindinho, dedo pequeno ou dedinho do pé” é o Bunionette ou Joanete Sastre, também conhecido como joanete de alfaiate devido à prevalência deste tipo de joanete nesta profissão (devido ao uso das máquinas de costura).

A deformidade ao nível do 5º dedo do pé é uma forma de joanete menos frequente que aquela que afeta o 1º dedo (hálux valgo). Esta deformidade situa-se ao nível da articulação na base do quinto dedo do pé com desvio em varo do dedo mínimo, que fica angulado para o lado interno do pé.

Causas

Embora as causas para o surgimento do joanete não sejam completamente conhecidas, sabe-se que uma biomecânica anormal do pé pode levar à instabilidade da primeira articulação metatarsofalangica, resultando em deformidade.

Parece existir predisposição genética/hereditariedade (pé plano, lassidão ligamentar), que conduz a uma função anormal do pé. Isto é especialmente frequente em indivíduos mais jovens.

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Efeitos do uso constante de saltos altos

Como vimos os joanetes afetam mais frequentemente as mulheres. Alguns estudos relatam que a sintomatologia ocorre cerca de 10 vezes mais frequentemente em mulheres que nos homens. Tem sido sugerido que os sapatos apertados, especialmente sapatos de salto alto e sapatos estreitos nos dedos, podem aumentar o risco para a formação de joanetes. São certamente um fator na precipitação da dor no pé e inflamação ou “inchaço” dos joanetes.

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O diagnóstico de joanete é clínico, podendo ser complementado através da realização de exames complementares de diagnóstico, como exames de radiologia convencional (raio x do pé) e tomografia computadorizada.

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Sintomas

A dor no pé é dos principais sintomas do joanete que pode ir de moderada a intensa na área envolvida. habitualmente é exacerbada ao caminhar ou ao usar sapatos mais apertados. Em repouso ou quando usa sapatos mais largos tende a diminuir ou desaparecer a sintomatologia.

Em determinadas circunstâncias pode ocorrer inflamação que pode ser desencadeada por alguns fatores, como o uso de calçado apertado, por exemplo. O joanete inflamado é caracterizado por um pequeno saco cheio de líquido (bursa) que inflama (bursite), levando ao “inchaço”, vermelhidão e dor local. Trata-se de uma inflamação dos tecidos moles que é caracterizada por dor e sensibilidade no local.

É importante notar que, nos homens após a puberdade e mulheres na pós-menopausa, a dor na base do dedo grande do pé pode ser causada pela artrite gotosa, causando dor semelhante à dor causada pelos joanetes.

Quando ocorrem alterações funcionais da marcha e parestesias é importante avaliar a presença de pé plano ou contratura do aquiles.

No início da deformidade, os primeiros sinais e sintomas podem ser bastante ténues ou imperceptíveis. Muitos joanetes são mesmo assintomáticos (não provocam sintomas), podendo contudo evoluir a deformidade com o tempo e surgirem queixas.

Tratamentos

O tratamento para joanete depende de diversos fatores, nomeadamente do grau da saliência e da existência de sintomas.

Os pacientes devem evitar irritações do joanete através da otimização do calçado e dos cuidados com os pés. Os sapatos para quem tem joanete devem ser largos à frente e de preferência com uma sola de apoio, de modo a deixar o pé “solto” ou sem estar “apertado”. Os sapatos apertados pressionam os lados do pé e agravam as queixas. Tênis, botas, etc. devem ser seleccionados de igual forma. Nas mulheres é desaconselhado o uso de sapatos de salto alto, pois pressionam os lados do pé.

O uso de um protetor de joanete ou de palmilhas permitem aliviar a inflamação e atenuar a sintomatologia.

É também possível colocar nos sapatos protetores e separadores de dedos para joanete. Estas ortóteses são normalmente fabricadas em silicone e existem à venda nas farmácias e lojas de material ortopédico.

Existem talas especiais ou corretores de joanetes que podem ser utilizados apenas durante a noite (corretor noturno para joanetes) ou, então, de forma permanente (dia e noite). Este corretor de joanete funciona como uma tala corretiva, pressionando a articulação, de forma a diminuir o desenvolvimento da deformidade. Trata-se de uma forma de alinhar progressivamente os tecidos moles e as articulações sem os danificar.

Em alguns casos, a fisioterapia tem indicação, através de exercícios específicos que podem ajudar no alívio da dor e diminuição da inflamação. É também importante a reabilitação da marcha, que envolve o equilíbrio muscular e adequado alinhamento das articulações do membro inferior.

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Tratamento operatório

A cirurgia passa pela remoção de crescimento ósseo do joanete e o realinhamento do dedo do pé. Indicada em grandes deformidades, dor constante, dificuldade de marcha e a impossibilidade de usar calçados.

A seleção da técnica cirúrgica vai depender do tipo de joanete envolvido e das características de cada caso. Como vimos, o joanete mais prevalente é o que afeta o primeiro dedo do pé (hallux valgus).

As técnicas cirúrgicas podem ser realizadas sobre os tecidos moles, ou no osso (osteotomias, artrodeses, artroplastia de resseção e próteses) e, ainda, procedimentos combinados.

Na maioria das ocasiões são realizadas cirurgias de realinhamento ósseo através de procedimentos nos ossos e procedimentos combinados.

A cirurgia de joanete feita nos tecidos moles é suficiente somente para corrigir pequenas deformidades (ângulo intermetatarsiano inferior a 15º).

A exostectomia é utilizada em combinação com outros procedimentos, uma vez que isolada não permite o alinhamento da articulação.

As osteotomias são cortes feitos nos ossos, de forma a corrigir a deformidade, e fixada com pinos, parafusos ou placas. Na presença de alterações degenerativas (artroses) com deformidade grave, é realizada uma artrodese (fusão), conseguida através de parafusos ou pinos.

Pós-operatório

Os cuidados no pós-operatório garantem o sucesso do tratamento, diminuindo a probabilidade de resultados insatisfatórios e eventuais complicações. O curativo deve ser realizado regularmente e os pontos são retirados, habitualmente, após 21 dias, conforme evolução da cicatriz.

Após 3 semanas da cirurgia, o paciente caminha com a utilização de sapato com apoio no calcanhar (sandália de Barouk).

Recuperação

Na cirurgia de joanete, a recuperação é habitualmente rápida podendo o doente caminhar após 3 semanas da cirurgia, desde que utilize uma sandália adequada para o pós-operatório. O seguimento correto no pós-operatório diminui a possibilidade de resultados insatisfatórios e complicações.

O tempo de recuperação é, em média, seis a oito semanas, quando é permitido o uso de calçado de salto baixo para caminhar. Durante este período, o doente não necessita de efetuar repouso absoluto. No entanto, nas primeiras duas semanas é importante a elevação do membro inferior para evitar o edema (“inchaço”).

Necessárias sessões de fisioterapia para ajudar a diminuir o edema e ajudar a reabilitar os movimentos do dedo.

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