O tratamento fisioterapêutico tem o potencial de preservar, manter, desenvolver e reabilitar os diferentes sistemas do corpo humano. A associação de movimentos corporais, técnicas, procedimentos e uso de equipamentos promove a reabilitação dos diferentes distúrbios cinético-funcionais.

Uma das grandes atuações da fisioterapia é no trato de distúrbios do sistema urinário, por meio de exercícios e procedimentos.

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O que é a incontinência urinária?

A incontinência urinária é definida como a perda de urina involuntária pela uretra, e é um problema que aumenta consideravelmente sua incidência com o avançar da idade, apesar de poder afetar pessoas de todas as idades. Embora atinja os dois sexos, as mulheres têm mais chances de desenvolver esse distúrbio, devido ao esforço físico e desgaste da musculatura pélvica causados pela gravidez.

A incontinência urinária é classificada de acordo com seu tipo:

  1. incontinência por esforço: esse é o tipo mais comum, e é a perda de urina que acontece durante algum esforço físico, como levantamento de peso, rir, tossir ou algum exercício. É relacionada com a fraqueza da musculatura do assoalho pélvico;
  2. incontinência de urgência: é a perda de urina que acontece quando a vontade de urinar é urgente, causando uma incapacidade de postergar a micção por mais que alguns minutos. É causada principalmente pela síndrome da bexiga hiperativa, na qual o músculo que contrai esse órgão (detrusor) é hiperativo;
  3. incontinência por transbordamento: ocorre quando o volume de urina na bexiga se torna tão grande que o esfíncter urinário não consegue reter e a urina “escorre”;
  4. incontinência mista: é a combinação de mais de um tipo de incontinência urinária.

Como é o tratamento da incontinência urinária?

O tratamento da incontinência urinária é definido de acordo com o tipo e grau da incontinência, suas causas e as condições de saúde do paciente. Podem ser escolhidos intervenções cirúrgicas ou conservadoras.

As diferentes cirurgias para o tratamento de incontinência urinária levantam muitos questionamentos e controvérsias entre os especialistas, e ainda não há uma definição clara dos resultados obtidos. Dessa forma, os procedimentos conservadores são a primeira escolha.

As formas de tratamento conservador para a incontinência urinária incluem:

  • uso de medicamentos (anticolinérgicos, bloqueadores alfa, estrógeno tópico);
  • técnicas comportamentais (treinamento da bexiga, micção dupla, idas programadas ao banheiro, dieta com controle de fluidos);
  • exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico feitos com a orientação do profissional fisioterapeuta;
  • estimulação elétrica (eletroterapia).

Muitas vezes, pode ser necessária uma combinação de tratamentos para que o resultado esperado seja alcançado. O ideal é iniciar com os tratamentos menos invasivos e evoluir para os mais invasivos se os primeiros não funcionarem.

Exercícios para prevenir e tratar a incontinência urinária

Exercício de Kegel:é necessário identificar os músculos do assoalho pélvico. Para isso, tentar segurar o xixi é uma das formas de saber se a contração de tais músculos influência na diminuição do jato de urina. A técnica indica o esvaziamento da bexiga, deitar de barriga pra cima e contrair os músculos por 10 vezes, com descanso de 5 segundos, repetindo por 9 vezes esse movimento.
Exercícios hipopressivos:neste exercício, é indicado contrair a barriga em posição sentada ou de pé, e ao mesmo tempo contrair os músculos do assoalho pélvico, com respiração constante.
Eletroestimulação:com o uso de um aparelho elétrico, impulsos leves são emitidos provocando a contração do períneo, auxiliando como complemento a outros tipos de exercícios.
Biofeedback:através de um aparelho que emite imagens e sons sobre a contração do esfíncter e assoalho pélvico. Esse tipo de exercício fisioterapêutico auxilia na autorregulação do paciente desses músculos.

Como funciona a fisioterapia com eletroterapia para incontinência urinária?

A eletroterapia consiste na aplicação de uma corrente elétrica sobre a pele, para a estimulação muscular e nervosa da área escolhida. Seu uso é bastante difundido em várias especialidades da fisioterapia, com resultados satisfatórios. Costuma ser utilizada para a contração de músculos fracos ou lesionados e para a redução da dor local.

A eletroterapia é utilizada no tratamento da incontinência urinária a partir da consideração da causa neuromuscular do problema, de forma que tem o objetivo de restabelecer a função muscular e nervosa local. A estimulação pode ser feita nos músculos responsáveis pela contração do esfíncter urinário (que “seguram” a urina na bexiga) ou nos nervos que controlam a bexiga.

Para o procedimento, são utilizados eletrodos vaginais, inseridos por meio do canal vaginal com gel hidrossolúvel. Ela é aplicada principalmente para os tratamentos de:

  • incontinência urinária por esforço: nesse caso, a eletroterapia tem o objetivo de fortalecer os músculos do assoalho pélvico por meio da estimulação. O estímulo elétrico local provoca contrações que, por si só, fortalecem a musculatura. Além disso, a sensação de “choque” no local ajuda a mulher a localizar melhor esses músculos e aprender a fazer a contração voluntária sozinha, para aumentar mais o fortalecimento;
  • incontinência urinária de urgência: nesse caso, a eletroterapia é utilizada para estimular nervos mais distantes, que atuam sobre o músculo detrusor, que controla a contração da bexiga e é hiperativo nos casos de incontinência de urgência. Não é possível acessar esse músculo diretamente, devido a sua localização profunda, e ele também não pode ser controlado por contração voluntária. Por isso, a estimulação elétrica ajuda a regular a atividade do músculo.

A eletroterapia é uma das formas de tratamentos que costuma ser combinada com outras técnicas. Normalmente, são necessárias poucas sessões, seguidas de exercícios fisioterapêuticos de fortalecimento da musculatura local.

O tratamento da incontinência urinária pela eletroterapia é contraindicado nos casos de:

  • gravidez;
  • infecções vaginais;
  • diminuição da percepção sensorial da vagina;
  • infecção urinária;
  • arritmia cardíaca;
  • durante a menstruação.

Quais são as vantagens da eletroterapia?

O uso da eletroterapia para o tratamento da incontinência urinária tem crescido entre os profissionais de fisioterapia. Os efeitos colaterais são raros, mas podem incluir: dor no local de aplicação, irritação local e infecção urinária. A diminuição do número de sessões reduz consideravelmente a chance de ocorrência desses efeitos.

As principais vantagens da eletroterapia são:

  • no caso de falha do tratamento, não há prejuízo para a realização de cirurgia;
  • é um método não invasivo, com complicações mínimas;
  • pode ser utilizada em conjunto com outras técnicas de tratamento;
  • é um recurso simples e de baixo custo;
  • o tratamento é realizado no próprio consultório de fisioterapia;
  • é eficaz no alívio dos sintomas;
  • ajuda as mulheres a aumentarem sua consciência corporal em relação aos músculos do assoalho pélvico.

A incontinência urinária é um problema de saúde comum, principalmente em mulheres idosas que já tiveram filhos. É uma condição constrangedora, que traz grande prejuízo para a qualidade de vida dos seus portadores, principalmente a longo prazo. Por isso, é importante investir em técnicas práticas e simples para seu tratamento, que sejam minimamente invasivas e tragam resultados benéficos para os pacientes.

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