Há poucos dias os torcedores viram com detalhes a torção do joelho de Daniel Alves, lateral-direito do Paris Saint-Germain. A tecnologia de captação de imagens em alta resolução nos permitiu ver em câmara lenta o momento exato em que o joelho do jogador realiza um movimento anormal, logo antes dele perder o equilíbrio e cair ao solo.

Horas depois fomos informados que, após um exame de ressonância magnética, foi diagnosticada a lesão do ligamento cruzado anterior do joelho. Conforme noticiado houve a desinserção da parte alta do ligamento. A pergunta geral é: ele estará em condições para jogar pela seleção nesta copa do mundo?

O ligamento cruzado anterior do joelho localiza-se em uma posição bem central e completamente dentro da articulação. Ele fica imerso no líquido articular, o que impede a formação de um coágulo sanguíneo na região lesada. O coágulo é o primeiro passo para a cicatrização de um ligamento, e por isso este ligamento frequentemente não cicatriza por si só, exigindo tratamento cirúrgico.

O termo desinserção do ligamento significa que uma das suas extremidades soltou-se completamente do osso. A cicatrização de lesões assim é muito improvável, mas ainda assim os médicos responsáveis informaram que a definição de sua situação será apenas dentro de duas ou três semanas. Por que este tempo é necessário?

Uma pequena parcela dos pacientes com este tipo de lesão pode recuperar a estabilidade do joelho, mesmo com o ligamento rompido, através de tratamento intensivo com fisioterapia e exercícios. Depois de duas ou três semanas a dor e inflamação inicial geralmente estão controladas, sendo então possível iniciar exercícios para reforço muscular e treinos específicos. As chances de sucesso não são muitas, mas como há pouquíssimo tempo até o início da Copa, esta seria a única alternativa viável.

A recuperação pós-operatória da reconstrução do ligamento cruzado anterior do joelho é longa, cerca de seis meses, para retorno total ao esporte e por isso, atletas que apresentam tal lesão às vésperas de uma grande competição eventualmente são tratados desta maneira. Isso aconteceu em 2008, quando a jogadora de vôlei de praia Juliana, dupla de Larissa, rompeu este mesmo ligamento cruzado anterior do joelho, cerca de trinta dias antes do início dos Jogos Olímpicos de Pequim. Infelizmente o tratamento não cirúrgico foi insuficiente para Juliana. Ela chegou a viajar para a China, mas apesar do empenho da atleta e sua equipe, seu joelho permanecia instável e torcendo com facilidade, o que fez com que ela desistisse de participar dos jogos.

Esta frustração, no entanto, não paralisou Juliana. Ela retornou ao esporte após ter sido submetida à reconstrução cirúrgica do ligamento cruzado anterior e continuou sua carreira com muito sucesso. Foi campeã mundial de vôlei de praia em 2011 e teve nova chance nas Olimpíadas, conseguindo o bronze em Londres 2012. Seu desempenho é prova dos bons resultados deste tipo de operação.

E quanto ao Dani Alves? Bem, as chance de jogar a Copa da Rússia são poucas, mas ainda existem. Vamos torcer!